quarta-feira, 24 de dezembro de 2008


ADESTES FIDELES

Adeste, fideles,laeti triumphantes;

Venite, venite in Bethlehem.

Natum videte Regem angelorum.
Venite adoremus, venite adoremus,

Venite adoremus, Dominum.
Deum de Deo, lumen de lumine,

Parturit virgo mater,

Deum verum, genitum, non factum.
Cantet nunc hymnos chorus angelorum,

Cantet nunc aula caelestium:

Gloria, gloria in excelsis Deo;
En grege relicto, humiles ad cunas

Vocati pastores approperant:

Et nos ovanti gradu festinemus.
Ergo qui natus die hodierna,

Iesu, tibi sit gloria:

Patris aeterni verbum caro factum.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Adao e Eva


"A Escritura mostra as consequencias dramáticas desta primeira desobediência.Adão e Eva perdem de imediato a graça da santidade original.Têm medo deste Deus, do qual fizeram uma falsa imagem,a de um Deus enciumado de suas perrogativas.


A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruida; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; a união entre homem e mulher é submetida a tensões; suas relações serão marcadas pela cupidez e pela dominação.

A harmonia com a criaçao está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil.Por causa do homem, a criaçao está submetida à sevidão da corrupção'. Finalmente, vai realizar-se a consequencia explicitante anunciada para o caso da desobediencia: o homem 'voltará ao pó do qual é formado'. A morte entra na história da humanidade".


Catecismo da Igreja Catolica 399-400

Padre Jonas Abib - Que santidade de vida

Que santidade de vida

Que santidade de vida!
Que homens devemos ser!
Pois se tudo no céu e na terra o Senhor chamará
Que respeito para com Deus!
Que luta devemos travar!
No novo céu e na nova terra iremos morar
Somos Senhor tua igreja
Que aguarda e apressa tua vinda gloriosa
Que o Senhor nos encontre em paz puros e santos
Que é feito da sua promessa?
Perguntam e zombam de Deus!
Mas o Senhor virá, Ele não tardará
Que eu seja santo, santo, santo
Pois Deus é santo santo santo
Que a santidade da minha vida apresse o Senhor e ele logo virá
Somos Senhor tua Igreja
Que aguarda e apressa tua vinda gloriosa
Que o Senhor nos encontre em paz puros e santos (2x)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

marxismo

Karl Marx, ateu radical

Cônego Vidigal

Karl Marx foi sempre um ateu radical.
G. Siewerth patenteia que para Marx, “a fé em Deus é, pois, ao mesmo tempo, uma divisão da consciência e uma ilusão. Urge, portanto, desmascarar esta ilusão a fim de restituir ao homem a dignidade perdida da sua interioridade infinita”. Karl Marx tende, ab ovo, ao antitranscendentalismo. É o materialismo prático.Escreve ele: “A luta contra a religião implica a luta contra o mundo do qual a religião é o aroma espiritual”.20 Como verdadeiro discípulo de Feuerbach, Marx conclui que a adesão a Deus tira ao homem a consciência de sua grandeza: é uma alienação. Eis seu asserto contundente: “Mais o homem coloca realidade em Deus e tanto menos resta de si mesmo”.A ação de um Deus Supremo impede sua independência total. Sua emancipação exige “a priori” a morte de Deus. É exatamente o trabalho que permite ao homem construir-se enquanto homem. Fica claro, pois, que o ateísmo não é acidental ao marxismo, impossível ser um “bom” marxista, permanecendo crente.Marx é taxativo: “O ateísmo é uma negação a Deus e por esta negação coloca a existência humana”. Entre a razão e a fé o conflito é peremptório. Diria depois Lénine: “O marxismo é o materialismo. Por este título ele é tão implacavelmente hostil à religião, quanto o materialismo dos enciclopedistas do século XVIII ou o materialismo de Feuerbach”. Prossegue ele: “Devemos combater a religião. Isto é o a-b-c de todo o materialismo e, portanto, do marxismo”. Não se trata de um conselho facultativo. Fala categoricamente: “Nossa propaganda compreende necessariamente a do ateísmo”.É a própria religião, sob a forma mais pura, que o marxismo considera como alheação perigosa da qüididade do homem.O comunismo, que é o herdeiro mais fiel de Karl Marx, se revela, pois, em lógica conseqüência, intransigente neste ponto.Lénine assim se manifestou também, em 1905: “A religião é uma espécie de mau vodka espiritual no qual os escravos do Capital afogam seu ser humano e suas reivindicações para com uma existência ainda pouco digna do homem”.Marxismo e ateísmo não podem ser dissociados.O ateísmo é intrínseco ao marxismo. É-lhe medular, parte integrante. O ateísmo não é em Marx uma superestrutura. A própria consciência que o homem tem de si exclui, completamente, a possibilidade de Deus.Daí ser um erro primário querer abstrair dos escritos de Marx o ateísmo. É desestruturá-los. Não há meio termo. Há uma contestação terminante à Transcendência.

*Professor no Seminário de Mariana - MG

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Diacono Nelsinho corrêa-Por que nao vens a mim


(Homem)Ao entrar numa igreja, a luz do sacrario acessa, ouve Deus a me perguntar.

(Deus)Por onde andavas não te vi em minha casa a quem procuravas que não eu?

(Deus)Sou Deus e tenho um coração, sinto tua falta quando não te vejo junto a mim. Sou Deus tenho tanto pra curar, eu te amo tanto porque não vens a mim.

(Homem)Sabe Senhor eu andei por aí mendigando amor, mas só me ferir. Quis buscar nas pessoas, até em pessoas boas o que só o Senhor pode me dá.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pe Fábio de Melo




Contrários



Só quem já provou a dor
Quem sofreu, se amargurou
Viu a cruz e a vida em tons reais
Quem no certo procurou
Mas no errado se perdeu
precisou saber recomeçar
Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
Porque encontrou na derrota o motivo para lutar
E assim viu no outono a primavera
Descobriu que é no conflito que a vida faz crescer
Que o verso tem reverso
Que o direito tem avesso
Que o de graça tem seu preço
Que a vida tem contrários
E a saudade é um lugar
Que só chega quem amou
E que o ódio é uma forma tão estranha de amar
Que o perto tem distâncias
E que esquerdo tem direito
Que a resposta tem pergunta
E o problema solução
E que o amor começa aqui
No contrário que há em mim
E a sombra só existe quando existe alguma luz.
Só quem soube duvidar
Pôde enfim acreditar
Viu sem ver e amou sem aprisionar
Quem no pouco se encontrou
Aprendeu multiplicar
Descobriu o dom de eternizar
Só quem perdoou na vida sabe o que é amar
Porque aprendeu que o amor só é amor
Se já provou alguma dor
E assim viu grandeza na miséria
Descobriu que é no limite
Que o amor pode nascer


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

ROSA DE SARON-NOITE FRIA


Na noite fria começo a pensar em quem eu sou
Por que existo, pra que sirvo e onde vou
Ninguém ao meu redor, vivia a me enganar
Andava sempre sem nunca chegar
Meu coração chorava
Minha alma clamava por alguém
Que me pudesse fazer viver
No dia a dia a rotina pegava-me em suas mãos
Sonhos e lágrimas preenchiam o meu coração
Ninguém pra me escutar, vivia só pra sonhar
Queria minha vida transformar
A minha saída um homem chagado me mostrou
E disse que o amor numa cruz Ele provou
Pude então sentir seu sangue a me invadir
Minha vida desde então Ele mudou
Jesus me fez viver!

FLAVINHO CANÇAO NOVA



Deus existe


Quero saber porquê não acreditas?

Quero saber porquê, não o tens como Teu Senhor?

Por que não aceitas que existe,uma força que move-nos para o Bem!

Que fé você tem? A fé que convém.Mas não é de conveniência que vive o cristão.

Sua vivência está naqueleque morreu por nós irmão!

Deus existe, e Ele está no meio de nóse por nós se deu numa Cruz.

Pra pagar os nossos pecadosde incrédulos cristãos.

Deus existe, e eu O posso tocarse a Ele entregar o meu coração,

Pois é Nele que se encontra a Salvação!

sábado, 13 de dezembro de 2008




Catacumba romana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Catacumba Romana.
Catacumbas eram os locais que serviam de cemitério subterrâneo aos primeiros aderentes do cristianismo, para quem a se baseava na esperança da vida eterna após a morte. Nos primeiros 200 anos da nova religião, antes de Constantino, é provável que tenham existido vários centros artísticos com estilos artísticos próprios, como Alexandria e Antióquia), mas é em Roma que se revelam as primeiras pinturas murais em catacumbas. É nesta constante aspiração ao Paraíso que o ritual funerário do enterro, e a consequente manutenção da sepultura, vai ser o elemento chave das primeiras representações da arte cristã.
As catacumbas de Roma serviram de local de sepultamento para os cristãos de Roma, antes do Édito de Milão. Ainda hoje algumas catacumbas estão abertas para turistas.

Catacumba.
Uma das catacumbas mais visitadas em todo o mundo é a de São Calisto. Fica na região central de Roma, Itália. Conta-se que vinte mil pessoas estão enterradas lá. Ela ocupa cerca de cinco andares abaixo da terra. Mais de vinte quilómetros (20Km) de corredores levam aos diversos túmulos, onde descansam os corpos de pessoas que viviam na época de Jesus Cristo. Os autocarros não podem circular próximo ao local por causa do perigo de desmoronamento. As catacumbas mais famosas são as de São Calisto e a de Santa Priscila.
As catacumbas foram construídas ao longo das estradas romanas, como a via Appia, via Ostiense, via Labicana, via Tiburtina e via Nomentana. Existiram também em Roma catacumbas hebraicas, como a da Vigna Randanini e Villa Torlonia.


Pinturas
A pintura a fresco vai dominar essencialmente tectos num estilo ainda muito influenciado pela pintura mural romana tardia, onde vai buscar os motivos arquitectónicos para a ilusão espacial e as figuras planas de corpo proporcional. Mas este vocabulário tradicional é adaptado a uma nova mensagem onde se revelam temas bíblicos com especial preferência pela narração de milagres do Antigo Testamento (Milagre de Jonas). Alguns dos motivos da arte romana são transpostos para os novos conteúdos, como o cacho de uvas, a imagem do Bom Pastor (que surge na figura de Cristo com o seu rebanho de ovelhas) e o pavão que, assim como o peixe , simbolizam a esperança na ressurreição e imortalidade.

Catacumbas de Roma

Maria amamentando o Menino Jesus. Imagem do Século II, Catacumba de Priscila, Roma.
Ainda hoje algumas catacumbas estão abertas para turistas. Uma das mais visitadas em todo o mundo é a de São Calixto, na Via Ápia. Fica na região central de Roma, Itália. Conta-se que vinte mil pessoas estão enterradas lá. Ela ocupa cerca de cinco andares abaixo da terra. Mais de vinte quilómetros (20Km) de corredores levam aos diversos túmulos, onde descansam os corpos de pessoas que viviam na época de Jesus Cristo. Os cultos eram, inclusive, praticados nas catacumbas, sendo o cristianismo uma das únicas religiões a realizar seus cultos em local fechado. Essas catacumbas, usadas como templo, possuem um verdadeiro tesouro arqueológico em si. Os autocarros não podem circular próximo ao local por causa do perigo de desmoronamento. Outra catacumba famosa é a Catacumba de Priscila.
Existem 40 catacumbas nos arredores de Roma, entre elas :
Catacumba de Giordani
Catacumba de São Marcelino e Pedro
Catacumba de Comodila
Catacumba de Domitila
Catacumba de Generosa
Catacumba de Pretestato
Catacumba de Priscila
Catacumba de São Calixto
Catacumba de São Lourenço
Catacumba de São Nicomede
Catacumba de São Pancrazio
Catacumba de São Sebastião
Catacumba de São Valentino
Catacumba de Santa Agnese
Catacumba de Santa Ilária
Catacumba de Santa Felicita
Catacumba de Trasone
Catacumba de Via Anapo
Catacumba de Vila Torlonia

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

cordeiro de deus


Agnus Dei (Latim)

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,miserere nobis.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,miserere nobis.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,dona nobis pacem.

subjetividade




Em um mundo cada vez mais perdido no egoismo, no laicismo e no relativismo nos deparamos com pessoas que duvidam do poderio de cristo, levando a um caminho de erros, onde muitas vezes está a procura de algo que o satisfaz, porém tem medo,quando tudo acabar e só lhe restar a solidao ele vai encontrar a si mesmo descobrindo alguem que tanto se recusara a conhecer.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008











Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos.
Peço Vos perdão para os que não crêem,
não adoram, não esperam e não Vos amam.
Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo,
adoro-Vos profundamente
e ofereço Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue,
Alma e Divindade de Jesus Cristo,
presente em todos os sacrários da terra,
em reparação dos ultrajes,
sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido.
E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração
e do Coração Imaculado de Maria,
peço Vos a conversão dos pobres pecadores.





sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

N. S. de Guadalupe


Oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Amabilíssima Senhora de Guadalupe,
vós que sempre escolheis os mais humildes
e simples para Vos fazer vista,
concedei-nos esta humildade e simplicidade que tanto amais.
Vós que adotastes a Juan, como a um filho predileto,
dizei-lhe o amamos e admiramos sua fidelidade e santidade.
Vós que sois a Mãe da Paz, alcançai-nos de Vosso amabilíssimo Filho esta paz que tanto o mundo precisa e o retorno de tantos filhos pródigos que necessitam, mais que nunca, retornar à Casa Paterna.
Por Cristo Nosso Senhor.
Amem

Pão do Céu





Panis angelicus
fit panis hominum;
Dat panis coelicus
figuris terminum:
O res mirabilis!
Manducat Dominum.
Pauper, servus et humilis.
Te trina Deitas
unaque poscimus:
Sic nos tu visita,
sicut te colimus;
Per tuas semitas
duc nos quo tendimus,
Ad lucem quam inhabitas.
Amen.

Anjo da Guarda




Anjo de Deus,
meu santo protetor,
que me foi enviado por Deus para minha proteção,
fervorosamente eu lhe imploro:
Me ilumine e me preserve de todo o mal,
me oriente nas boas ações e me direcione no caminho da salvação.
Amém.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A história que muitos professores negam a ensinar

Mas que gente ignorante...
Orlando Fedeli

Dona Cleonira, minha professora primária - que fazia questão de ser chamada de Cleô - senhora baixinha e arredondada como uma chaleira, ensinou-me que foi Colombo quem provou que a Terra era "era redonda como uma bola, um pouco achatadinha nos pólos". Antes dele, os homens da Idade Média - gente muito ignorante... muito atrasada... - pensavam que a Terra era plana e chata. Boa Dona Cleô, que nos mandava recortar borboletas e desenhar carneirinhos em cada página do caderno, que queria bem limpinho: a pedagogia e a didática exigiam. E ela era uma Pedagoga.
No ginásio, tive outras professoras de História. Uma delas, bem mocinha e de saia curta, mascava chicletes durante as aulas, mandava os alunos lerem o livro ou fazerem "trabalho em grupo" - pesquisa, dizia ela - e, enquanto isso, pintava os lábios olhando-se num espelho baratinho. De vez em quando fazia um curto comentário: "A Idade Média foi uma época muito ignorante e atrasada. Imaginem! Eles não tinham televisão nem moto! Andavam de carroça! A mulher não tinha direitos, não havia escola pública e eles pensavam que a Terra era plana. Hoje nós estamos adiantados: tem computador, o homem chegou à Lua, e qualquer uma sabe que a Terra é redonda."
No colegial, a professora de História - a Lenindira - era de outro estilo. Não se pintava nem usava espelhinho barato. Usava jeans, óculos de lentes redondas e enormes que tornavam seus olhos míopes minúsculos. Tinha preso na blusa um bottom onde se lia: "O povo unido jamais será vencido". Falava em mais valia e exploração do proletariado. Proclamava-se atéia, dizia que éramos filhos de macacos e desancava a Idade Média, idade das trevas e da ignorância, na qual o povo era obrigado a viver rezando, enquanto a Igreja queimava os hereges e ensonava que a Terra era plana.
Entrei num Cursinho. As classes eram abarrotadas de moços e mocinhas preocupados com o vestibular e com rock. Alguns falavam em drogas. Os professores despejavam matéria aos borbotões. O professor de História, muito popular, recheava suas aulas de palavrões e slogans marxistas. Atacava a censura e defendia a liberdade. A cada cinco minutos dizia uma piada pornográfica. Todo mundo ria. Cinicamente. Debochadamente. Menos um colega, com cara desanimada, que fazia o Cursinho pela terceira vez. Ele não ria. Explicou-me que já ouvira todas aquelas piadas três vezes. Sempre nas mesmas aulas. Sempre na mesma hora. Sempre do mesmo jeito. Sempre com os mesmos palavrões. O professor os repetia sempre do mesmo modo. Como um autômato. E falava em liberdade. E sempre a mesma história: "A Idade Média tinha sido uma época muito ignorante. Naquele tempo os homens acreditavam que a Terra era plana".
* * *
Um dia, um amigo me convidou para visitar um professor. Era um sobradinho, num bairro pobre. A sala pequena estava cheia de rapazes que riam. O professor falava pelos cotovelos enquanto tomava café. Não havia palavrões.
A conversa rolou para a Idade Média. Eu, ingênuo, repeti o que aprendera nos chatos e rabiscados bancos de minhas escolas. Soltei lá o "meu" comentário: "Eu acho que a Idade Média foi uma época de gente muito ignorante - é até chamada a Idade das Trevas - na qual se queimava quem não era católico e se ensinava que a Terra era plana e chata." Pensei que ia fazer sucesso e que todos apoiariam minhas palavras, já que essas eram teses universalmente aceitas em nosso científico, progressista e tolerante século XX.
O professor, rindo, me atropelou, contundente: "Quem lhe contou essa lorota?"
Quase engoli uma azeitona que comia, com caroço e tudo. A palavra "lorota" era uma trombada em minha erudição e cultura históricas.
Sem jeito, respondi que todo mundo sabia que era assim. Todos professores que tive me ensinaram isso. Por minha memória passavam rapidamente as imagens de Dona Cleô, recortando borboletas; a mocinha que mascava chicletes, se olhando em seu espelhinho barato; Dona Lenindira com o seu bottom; o professor do Cursinho, escarrando palavrões e vomitando pornografia.
Envergonhado com essas imagens, não as citei. Falei de livros vagos, de jornais, de um filme - "Vocês não viram O nome da rosa?"- todo mundo sabe que a Idade Média foi uma época de gente muito ignorante, que pensava que a Terra era plana, não esférica. Isso é indiscutível.
Meu adversário, na polêmica que se montara, sorria. Citou fatos e autores. Como eu não capitulava e insistia, buscando desesperado no fundo dos arquivos de minha memória - tão vazios! - as informações de Lenindira e as provas que o professor do Cursinho não me dera, ele foi buscar uma pilha de livros que começou a me mostrar.
"Veja este livro (1). Aqui temos a reprodução de uma estátua de Carlos Magno. É um obra romântica do século IX, embora o cavalo seja do século XVI. Repare que o Imperador está com os símbolos de seu poder: usa coroa, numa das mãos porta a espada e na outra segura um globo"
"Que você acha que significa esse globo? Pensa que Carlos Magno fosse talvez campeão de jogo de ‘boccia’? "Esse globo representa a Terra, sobre a qual ele tinha poder. Se os medievais julgassem que a Terra era plana, deviam colocar na mão do Imperador algo como uma tábua, e não um globo. Gente realmente ignorante essa da Idade Média - ironizou o professor. Acreditavam que a Terra era plana e a representavam por meio de um globo".
O argumento era arrasador e a reprodução da imagem de Carlos Magno esmagava tudo o que me haviam ensinado nas planas e chatas aulas de História a que assistira em meus estudos do curso, bem secundário, e do Cursinho, bem primário.
Enquanto eu examinava livro e gravura, por acaso meus dedos abriram uma página na qual havia uma figura do Imperador Otão III no trono. O professor não perdeu a ocasião:
"Note também essa gravura (2). É o Imperador Otão III, que reinou no Sacro Império entre 983 e 1002. Observe que ele também segura o globo na mão esquerda. Esse globo é a Terra.
Já o professor havia pego um outro livro (3) e prosseguia:
"Aqui está uma imagem de Nossa Senhora de Montserrat, padroeira da Catalunha, do século XI. É de madeira pintada, de estilo romântico, até hoje venerada em Montserrat. Tanto ela como o menino Jesus têm nas mão o globo representativo da Terra, da qual a Virgem Maria é Rainha e da qual Cristo é Criador e Senhor.
"Repito. Esse globo não é uma bola de brinquedo. É a Terra. E se representavam a Terra por um globo, é porque sabiam que ela é redonda.
"Esta foto foi posta aí porque santo Inácio de Loyola passou uma noite de vigília diante dela e lhe ofereceu sua espada, quando de sua conversão"
"Examine agora esta esplêndida obra da escultura gótica radiante. É uma imagem de Nossa Senhora cultuada até hoje na Catedral de Notre Dame de Paris. Há reproduções dessa imagem em qualquer livro de arte gótica. Ela é muito famosa. Data de 1300, mais ou menos. O menino Jesus que ela tem nos braços segura, ele também, o globo da Terra entre seus dedos, como se brincasse com o nosso mundo."
Ousei levantar uma objeção: "Esse globo que Jesus e a Virgem Maria têm nas mãos não representaria o universo, o globo celestial, a esfera celeste?"
O professor nem se abalou:
"A objeção é fraca. Se fosse válida, Carlos Magno seria Imperador não da Terra, mas do globo celeste, o que igualaria a Deus. Ao fazer a imagem de Cristo, Sabedoria de Deus encarnada, segurando o globo na mão, brincando com a Terra, os artistas tinham se inspirado no texto da Sagrada Escritura, onde a Sabedoria de Deus diz: 'Et delectabar per singulos dies, ludens coram eo in omnitempore, ludens in orbe terrarum' (Provérbios VIII, 30-31): ‘E cada dia eu me deleitava brincando continuamente diante dEle, brincando sobre o globo da Terra’. É isso o que diz a Vulgata, texto da bíblia de S. Jerônimo, usado na Idade Média. Portanto, qualquer clérigo ou estudante medieval, conhecendo o texto bíblico, sabia que a Terra era um globo.
"E para que não reste qualquer dúvida de que a Bíblia fala em globo da terra - orbe terrarum -, veja o que diz o Dicionário Latino-Português de José Cretella Jr. e Geraldo de Ulhoa Cintra sobre o significado da palavra latina orbis:
"Orbis, is: masc. neutro=redondeza, circulo, a roda, coisa redonda ou circular.
"E o dicionário informa que em Virgílio, o grande poeta romano do tempo de Augusto e autor da Enêida, orbe terraqueo significa o globo da Terra. Temos aí mais um dado. Já Virgílio, na Antigüidade, dizia que a Terra é redonda. E Virgílio era muito lido na Idade Média. Dante Aliguieri o tinha como o modelo dos poetas e como seu mestre".
"Ainda outras passagens da Bíblia afirmam que a Terra é redonda, mas por ora deixe-me mostrar-lhe outras provas referentes à Idade Média, provas que as escolas de hoje ignoram... ou querem ignorar".
"Examine, por exemplo, este livro de Léon Gauthier (4), membro do Institut de France. Ele mostra um desenho medieval muito curioso, representando os antípodas: homens e cães de pé sobre um círculo que representa a Terra. Logo, eles não só tinham idéia de que a Terra é redonda, mas compreendiam também que haviam antípodas, uns de cabeça para baixo em relação aos outros. Repare na legendada ilustração, que registra ser esse um documento catalogado na Bibliothèque Nationale de Paris.
"Veja agora, no mesmo livro (5), um esquema do mapa-múndi medieval da mesma Bibliothèque Nationale.
De novo o mundo é representado de forma circular.
Há ainda (6) outra imagem parcial do mundo, focalizando a Europa. A curvatura do mapa demonstra que eles sabiam que a Terra é redonda."
Arrisquei outra objeção: "Todos esses documentos mostram mapas do mundo circulares, é verdade, mas não em forma de globo, e sim de discos chatos e planos."
"Em forma de pizza, você quer dizer? Também os nossos mapas atuais são circulares ou ovalados, mas sempre planos, como pizzas, apesar de conhecermos a perspectiva. Os medievais não conheciam a perspectiva; por isso nos desenhos representavam a Terra como disco. Mas em suas esculturas, como vimos, representavam nosso mundo como globo, como esfera. Ademais, se seu argumento fosse válido, daqui a 1000 anos alguém poderia pensar que no século XX era muito ignorante, pois nele se acreditaria que é plana e chata, como a mostram nossos mapas atuais."
O professor já pegara outro livro (7): "Século XIII, o maior dos séculos". Temos aqui um mapa tosco e grosseiro do século XIII, que se encontra na Catedral de Hereford. Nele a Terra é apresentada perfeitamente redonda."
Eu já estava convencido, mas o professor queria deixar o assunto resolvido por completo.
"Veja agora este texto. É a Divina Comédia de Dante Alighieri. Ele escreveu seu poema por volta de 1300. Você bem sabe que é uma das mais belas e sábias obras poéticas jamais escritas. Dante foi um grande poeta e um grande sábio, embora muitas de suas idéias sejam inaceitáveis. Aqui, no Paraíso (8), ele repete o que aprendera com seu mestre Virgílio:
"Col viso ritornai per tutte quante
le sete sfere, e vidi questo globo
tal ch’io sorrisi del suo vil sembiante".
"Traduzo os versos em linguagem corrente. É Dante que fala: ‘Com o rosto, com a vista percorri todas as sete esferas (os sete céus que Dante já visitara) e vi este globo tal que eu sorri de seu aspecto pequeno ou vil’. Ora, o globo aí designado é o globo terrestre, conforme explica o comentário a esses versos contido nessa edição (9).
Estava eu já bem consciente de que me haviam impingido uma tolice. Ainda assim, perguntei: "Toda a Idade Média sabia que a Terra era redonda?". Retrucou-me o professor: "Evidentemente deviam existir pessoas rústicas, e até alguns estudiosos, que tinham teorias estranhas sobre esse e sobre outros temas. Também hoje há cientistas que aventam teorias exóticas. Você já leu o que a imprensa tem divulgado a respeito das teorias de Stephen Hawkings sobre a origem do universo? Há hoje também pessoas que pensam que existem seres movidos a pilhas e transístores em outros planetas. Daqui a séculos, quem assistir o filme ET e pensar que o século XX acreditava, todo ele, na existência de seres daquele tipo, estará incorrendo em erro grosseiro. Assim também, é um erro grosseiro pensar que a Idade Média, enquanto expressa por seus mais altos pensadores e artistas, pensava que a Terra era plana e não esférica.
"Veja agora, prosseguiu meu interlocutor, o que diziam os maiores filósofos medievais sobre esse problema. Santo Alberto Magno, que viveu entre 1193 e 1280, e que foi mestre de São Tomás de Aquino, defendeu as idéias geográficas de Aristóteles, inclusive a esfericidade da Terra. São Tomás de Aquino - o maior gênio medieval - tratou da questão em pauta na Suma Teológica (10). Veja o que diz S. Tomás ao cuidar dos fins das ciências:
"O astronômo, por exemplo, demostra a mesma conclusão que o físico, ou seja, a esfericidade da Terra."
"Então o maior filósofo medieval afirmava que a Terra é redonda."
"É incrível, exclamei. Como é que ninguém diz que S. Tomás ensinava isso? Será que ninguém conhece esse texto? Parece-me impossível que ninguém o conheça."
"Realmente é impossível que ninguém o conheça, concordou o professor. Se os que o conhecem não o mencionam, é porque há tal preconceito contra a Idade Média, por ter sido uma época católica, que o mundo moderno ateu tem que denegri-la. E o preconceito é tão forte que ninguém se dá ao trabalho de verificar se uma acusação que se faz contra ela é verdadeira ou não.
"Repare que essas mesmas escolas atuais e esses mestres que tanto falam contra a ignorância medieval lembram que, na Antigüidade, Tales de Mileto (VI séc. A. C.) ensinara que a Terra era redonda e os mapas jônicos da Terra da Terra eram circulares.
"Os pitagóricos tinham ensinado que a Terra era esférica e Aristóteles (384-322 A.C.) provou isso pela sombra curva que nosso planeta projeta na Lua durante os eclipses lunares.
"Eratóstenes (9275-195 A. C.) foi o primeiro homem que calculou o comprimento do meridiano terrestre. Foi ele também quem fez o primeiro mapa com meridianos e paralelos.
"Crates de Malus (145 A.C.) foi o primeiro a construir um globo para representar a Terra, visto que ele era seguidor da escola estóica, a qual ensinava que a Terra era redonda" (11).
"Por todos esses dados você vê que a esfericidade da Terra deixara de ser um mistério há muito tempo. Se os sábios da Antigüidade, os geógrafos e filósofos estóicos e peripatéticos sabiam tudo isso, é bem de desconfiar que os medievais também o soubessem. Com efeito, se Aristóteles foi conhecido pelos medievais do século XIII, os estóicos foram conhecidos desde o início da Idade Média.
"Ademais, como já lhe mostrei, a própria Bíblia, muito lida e estudada pelos medievais, dizia que a Terra é redonda. Veja esse texto de Isaías: "Porventura não chegou ao nosso conhecimento que (Deus) estabeleceu os fundamentos da Terra? Ele é o que está sentado sobre a redondeza da Terra". (Is. XL, 21-22). A tradução é do Padre Mattos Soares. O texto latino da Vulgata dia aí que Deus está sentado sobre o "gyrum terrae". E o Dicionário latino-português diz que girum significa redondeza, circuito, giro, etc. Ora, a Vulgata era o texto da Bíblia usado na Idade Média, como já lhe observei."
Inconformado, voltei a perguntar: "Mas como todo mundo acredita que a Idade Média não sabia que a Terra era redonda?"
"É que de tanto se repetir uma mentira, os homens acabam acreditando nela como verdade. Como essa, há tantas outras mentiras sobre a Idade Média e sobre a História", respondeu-me o professor.
* * *
Saí plenamente convencido, satisfeito com o que aprendera e com raiva dos que haviam me enganado. E eis que, na Avenida, quem vejo eu, vindo a meu encontro? As duas. Uma de saia curta e mascando chicletes, e a outra, magra, de óculos e jeans, azeda e amarga, sempre com o seu bottom na blusa onde se lia: "O povo unido jamais será vencido".
Cumprimentei-as. Estavam indo para um comício. Não perdi tempo e despejei sobre elas os argumentos que aprendera. A professorinha de saia curta continuou mascando chicletes e aproveitou a pausa para se olhar em seu espelho baratinho. A Lenindira, embaraçada, arriscou um sofisma azedo e oco: "Mas não será que o globo na mão de Carlos Magno significavam a perfeição e não a Terra? Você sabe, aqueles medievais gostavam muito de simbologia..."
Quase explodi de tanta raiva diante de tanta má fé. A outra, a de saia curta, pôs fim à conversa dizendo: "Quem foi que fez sua cabeça?". E lá se foram as duas pela Avenida, para o comício. Convictas, uma de sua sabedoria e outra de sua sinceridade.
Mas que gente ignorante havia na Idade Média...
Orlando Fedeli
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Bibliografia
(1) Walter Goetz, História Universal, Espasa-Calpe, Barcelona, vol. III, pág. 128
(2) Idem, pág. 385
(3) H. Rabner, Inácio de Loyola, ed. Desclée de Brower, Bruges, 1956, pág.115
(4) Léon Gauthier, La Chevalerie, ed. Arthaud, Paris, 1959, pág. 88
(5) Idem, pág. 78
(6) Ibidem, pág. 82
(7) James J. Walsh, The Thirteenth Greatest of the Centuries, New York, 1929, págs. 462/463
(8) canto XXII, versículos 132 a 135
(9) Dante, A Divina Comédia, ed. Ulrico Hoepli, Milão, 1985
(10) I., q.1, a.1, ad2
(11) Enciclopédia Espasa Calpe, Barcelona, verbete Mapa, vol. XXXII, pág.1132
Para citar este texto:
Orlando Fedeli - "Mas que gente ignorante..." MONTFORT Associação Culturalhttp://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=ciencia&artigo=masquegente&lang=bra Online, 04/12/2008 às 11:37h

santos e santas de DEUS


Aqui estou postando um video que demonstra a fecunda relaçao de DEUS com a sua igreja,
fato que muitas pessoas de coraçao duro e perdidos na ignorancia tendem a negar.

Diego fernandes